Mais momentos in Gestifute
A Gestifute Media continua, hoje, a antecipar o conteúdo do livro de Cristiano Ronaldo, “Momentos”, que estará nas bancas na próxima semana (a edição de lançamento é de 20 mil exemplares). A apresentação está marcada para o dia 7, às 18h30, no Hotel D. Pedro, em Lisboa, em exclusivo para os órgãos da Comunicação Social. Isto porque, no final do evento, Cristiano Ronaldo terá de marcar presença na cerimónia da divulgação das Novas 7 Maravilhas do Mundo, da qual é embaixador.
Hoje revelamos excertos do terceiro e do quarto capítulo de “Momentos”.
“Brincar com a bola para aliviar a pressão
[…] Os mimos que dou à bola e o gosto por me entreter a fazer malabarismos são mais fortes do que eu. Fazia-o quando jogava na rua, continuei a fazê-lo ao longo de todo a minha formação e ainda o faço. E assim há-de continuar a ser. Porque esse é que é o verdadeiro Cristiano Ronaldo. Acredito que quando as pessoas me vêem no relvado a brincar com a bola, antes do início do período de aquecimento, possam ser tentadas a pensar que se trata de uma operação de charme ou de um acto exibicionista. Está enganado quem pensa assim […]
[…] Antes dos jogos – seja do clube seja da selecção – tenho sempre o mesmo cerimonial. Assim que o treinador divulga a constituição da equipa, vou imediatamente para o balneário e começo a dar toques na bola. Saímos para o aquecimento e enquanto não começam os exercícios físicos dou continuidade às minhas habilidades. Pego na bola, passo-a debaixo de um pé, depois do outro, elevo-a, acaricio-a, enfim, divirto-me com ela. Faço-o por puro prazer, mas há ainda outra razão: quebrar qualquer stress que me possa atacar antes de começar qualquer encontro. Os meus companheiros, quer sejam do clube quer sejam da selecção nacional portuguesa, podem atestá-lo, porque já me conhecem bem. É a minha forma de desanuviar, de afastar a pressão do jogo, de me tranquilizar, de serenar, de descomprimir.” […]
“Banda Aceh, Martunis
[…] As imagens que foram passando nas televisões sobre a tragédia do Tsunami ocorrido na Ásia a 26 de Dezembro de 2004 deixaram-me horrorizado. De um momento para o outro, vários países do Indico foram assolados por ondas gigantescas, provocando um rastro absurdo de devastação e, mais dramático ainda, quase 280 mil mortos e milhares de desaparecidos. A Indonésia foi o país que mais sofreu com o desastre. Seis meses depois desta catástrofe, estive lá. […]
[…] O que encontrei foram pessoas de grande coragem e com grande vontade de viver, empenhadas em construir o futuro e em enterrar o passado, em reconstruir os seus locais de habitação, porque em termos emocionais é impossível a quem os viveu esquecer todos os momentos do tsunami e tudo o que a ele se seguiu. Um drama terrível.
[…] Mesmo ainda a acordar da dor, a população recebeu-me com um sorriso e revelando um extraordinário carinho. Agradeci a Deus por, de alguma forma, ter contribuído para que, momentaneamente, se esquecessem da tragédia. Ri com as pessoas, incentivei-as, acarinhei-as. E elas retribuíram com os olhos brilhantes de esperança no futuro e a quererem acompanhar-me para todos os locais que ia visitar, fosse a pé, de autocarro ou de moto. […]
[…] Foi aqui, também, que se deu o meu reencontro com Martunis, um menino indonésio de sete anos e de grande coragem, que sobreviveu sozinho ao Tsunami durante 19 dias. […]
[…] Passamos o dia juntos em Banda Aceh e, mais uma vez, senti-me atingido pelo seu olhar inocente, pela sua curiosidade, pela surpresa, pela admiração, sentimentos que não conseguiu esconder. Não posso imaginar, sequer, o sofrimento por que passou nos 19 dias em que vagueou, sozinho, sem saber notícias da família. […]
[…] Conversávamos por gestos e com a ajuda de uma tradutora. Mas ele é tão tímido que as palavras saíam-lhe a conta-gotas. Ele estava incrédulo a observar toda aquela agitação. Ofereci-lhe uma camisola. Também recebeu de presente um telemóvel. Pediu, imediatamente, o meu número e brincámos ali mesmo. Lado a lado, ligámos um para o outro e conversamos. Quer dizer, tentámos. Para ele tudo era novidade. Abri o meu computador e os olhos dele arregalaram-se muito, porque era a primeira vez que estava perante algo do género. Entusiasmou-se quando lhe mostrei algumas fotografias minhas e vídeos de jogos. O seu olhar brilhava com tanta novidade em tão pouco tempo. Quando a população local percebeu que estávamos juntos, então foi o delírio. Por causa dele. Ele é que era o herói e continua a sê-lo. Ele é que é um exemplo de coragem. Martunis é um menino que merece tudo de bom para a sua vida. E tenho a certeza de que vai ser uma criança feliz." […]