"O Euro do Cristiano vai ser muito bom"

O ataque do Real Madrid a Cristiano Ronaldo marcou os primeiros dias de trabalho da Selecção. Não há equipa imune ao mercado por esta altura do ano, e até Scolari, em fim de contrato, tem o futuro a acenar-lhe de Inglaterra, mas qualquer cenário de normalidade é abalado, quando está em causa o melhor jogador do Mundo. Na véspera do último ensaio para o Euro'2008, o seleccionador jogou à defesa do fenómeno madeirense: "Podem ficar tranquilos, o Europeu do Cristiano vai ser muito bom."
Ao número sete da Selecção e do Manchester United, não basta fazer como Scolari, que com uma única resposta despachou o interesse do Chelsea. "É normal, quando se termina contrato", comentou, e anunciou que esta seria "a última vez" que falaria do tema, porque "a resposta será sempre a mesma". "Se tiver de tomar uma decisão, comunicarei ao meu presidente. A única que tomei foi continuar até final do Europeu." Ponto final, parágrafo, e a conversa virou para Ronaldo, que não está em final de contrato, mas nem por isso deixou de ser alvo de uma investida do único clube do Mundo que pode fazer frente ao Manchester United: o Real Madrid calou o assédio ao atacante, quando os ingleses ameaçaram queixar-se à FIFA, mas o assunto continua suspenso, agora da vontade do jogador, que anda sisudo até a brincar com a bola. Scolari garante que Ronaldo está "supertranquilo em relação a tudo o que tem acontecido na vida dele" e que tem, no seleccionador, antes de tudo, "um amigo mais velho". "Temos falado bastante, dou-lhe conselhos", diz quem também sabe o que é conviver com a pressão do futebol ao mais alto nível. "Sei que não se vive de recordações, mas de oportunidades que às vezes surgem, e que ou se aproveitam ou se deixam passar, e tem de se pensar bem. Estamos aqui para apoiá-lo, independentemente da decisão que tomar em relação ao futuro. Podem ficar tranquilos, o Europeu do Cristiano vai ser muito bom."
A verdade é que ninguém está tranquilo, porque foi o próprio atleta a adiar a decisão por algumas semanas. A inquietude levou Carlos Queiroz a tentar transformar a ameaça espanhola numa manobra para afectar Portugal no Europeu. Confrontado com a teoria da conspiração, Scolari deu uma não-resposta magoada: "Não temos a mesma personalidade, não andámos no mesmo colégio, não viemos das mesmas famílias, não penso da mesma forma nalguns assuntos, e não tenho de falar sobre isso. Só digo que o Cristiano está muito bem." Também Mourinho, que considerou um "disparate" a eventualidade de Portugal não passar da fase de grupos, ficou sem resposta, mas, num momento posterior da conversa, Scolari comentou que "é normal, na Europa, os técnicos não respeitarem os adversários", e demarcou-se dessa tendência: "Nós, sul-americanos, respeitamo-los."

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