Portugal 2 - Croácia 0

As pedras preciosas fazem sempre falta. Adornam, embelezam, dão um toque de classe, fazem reluzir.
A selecção portuguesa teve um duro teste, mais duro do que o próprio adversário: como reagir sem as pedras preciosas? Sem Figo e sem Deco. Essencialmente, sem um extremo capaz de rasgar e encantar e sem um organizador de jogo com sentido de baliza, capacidade de drible e com destreza para pegar na bola. Neste aspecto, foi um duro teste, mas o resultado é positivo.
A vitória surgiu. Límpida e justa frente a uma Croácia algo insossa.
Mas as pedras preciosas não estavam esgotadas. Figo e Deco saltam aos olhos por não estarem presentes, mas Cristiano Ronaldo surge a sublinhado vermelho sempre que está em campo. Foi ele a pedra mais preciosa do jogo. Que deu explosão a um desafio pachorrento, que agitou as águas, que encantou a plateia e obrigou os adversários a um acumular extenuante de faltas. Foi ele um dos responsáveis pela vitória com um passe soberbo para Pauleta fixar o resultado final (2-0).
E Cristiano Ronaldo é um bom começo para o jogo de Coimbra. Porque com Tiago na pele de número dez, a selecção portuguesa teve pouca capacidade de explosão no último terço. Pelo meio, foi difícil de atacar porque a Croácia jogou com três centrais e porque o médio do Lyon é mais um recuperador do que propriamente um organizador. Cumpriu como pôde, é facto. Depois, porque no lado esquerdo Boa Morte foi mais pragmático do que desequilibrante. Tudo somado, a bola não chegava em condições a Pauleta.

De bola parada abre-se a muralha

Num jogo assim, com a selecção portuguesa a ter grande dificuldade de penetração, só de bola parada o guarda-redes croata passava por calafrios. E foi precisamente num livre directo muito bem marcador por Petit (excelente jogo), que o médio do Benfica inaugurou o marcador e deu tranquilidade a uma plateia exigente, destroçando, também, as aspirações de um adversário que só procurava reagir de contra-ataque. Embora os croatas tenham construído uma boa oportunidade, quando Balaban acertou na barra da baliza à guarda de Tiago.
No segundo tempo, o jogo abriu, foi mais entusiasmante, porque o adversário percebeu que tinha de arriscar mais na frente para chegar ao empate. A selecção portuguesa agradeceu. Teve mais espaço, Cristiano Ronaldo sentiu a rédea solta, as posições tácticas corrigiram-se e Pauleta apareceu mais em jogo para desespero da defesa contrária. É facto que a Croácia terá sido mais acutilante, mas o guarda-redes Ricardo só sentiu calafrios nos cruzamentos. As oportunidades foram escassas. Sendo assim, coube ao açoriano fixar o resultado final. Depois, deu para Scolari fazer alguns testes. Sem espinhas.

In MaisFutebol